sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MEMÓRIAS

Preciso de belezas que me distraiam e simplicidades que me completem. Quanto mais vivo mais sinto saudade. As memórias são traidoras, hoje felicidade, amanhã morte. Não sei bem onde piso, só sei que sinto ausência na distância. Fecho os olhos e os aperto. Tenho a estúpida esperança de que quando os abrir tudo estará passado, sem lembranças ou remorsos. A cada instante pensado sinto extremos incompreensíveis nascendo em mim. Peço que para sempre seja tudo menos agudo, mas reconheço que ferir-se é também crescer. Sobrevivo de tudo que permanece aceso dentro e fora de mim. Quero ocasionalmente intervalos de tempo comigo. Preciso me lembrar de me esquecer antes que seja tarde demais. Dar-me um tempo de paz antes que tudo vire caos. Um dia hei de querer menos. Um dia hei de querer-me e só, sem complementos ou podas. Que a verdadeira busca é interna, e a resposta também.

[Melina F.]

domingo, 3 de janeiro de 2010

BUSCA

Meu caminho é o mesmo, meu tempo é hoje e amanhã, juntos, sem remorsos. Falta em mim o que busco no mundo. Passam em mim todas as possibilidades de ganhos e perdas. Sei nem de mim nem do mundo, só sinto, só acho que passo perto da verdade: não há verdade. Sou de muitos sonhos e poucas palavras. Miro vidas, choro na minha solidão, aprecio o imaterial. Sou mulher no que faço e menina no medo que sinto. Não tenho ordem, só desordem. Conto minha história, paro, retrocedo. Em mim não há arrependimentos. De tudo espremo, de tudo aprecio, de tudo sofro. Já que hoje sou prisioneira de distâncias, vivo num mundo de pensamentos infinitos. De tanto que dizem, pouco ouço. Carreguei com ombros de inocência pesos de vidas gastas: sei de tanto assistir. Quero nunca deixar de ser inquieta. Minhas buscas vão além do que se enxerga, e o que sou também.

[Melina F.]